Review Psicológico: O Velho e o Mar (2024)

O Velho e o Mar, uma obra-prima de Ernest Hemingway laureada com o Prêmio Nobel, narra a jornada de Santiago, pescador idoso cuja habilidade já não é tão vibrante quanto um dia foi. Passaram-se 84 dias desde sua última pesca, e a maré de azar parecia persistir sem sinais de trégua.

Inicialmente, o pescador tinha um jovem auxiliar, que testemunhava com compaixão seus frustrados retornos. O velho projetava uma aura de esterilidade, um símbolo do que já fora grandioso, mas que agora estava desvanecendo. A vida parecia há muito tempo fugir de seu semblante.

Um dia, solitário no mar, após meses sem a companhia do jovem, o pescador se depara com um peixe colossal. Ele mal podia acreditar em sua sorte, mas surge um grande desafio: o peixe é maior que seu próprio barco e demonstra tenacidade incomum. Uma batalha épica se inicia. A noite cai, e Santiago persiste, lutando contra a exaustão e as lesões, travando uma guerra silenciosa contra a criatura do mar. Ao amanhecer, o peixe finalmente sucumbe, mas a vitória é efêmera. Tubarões atraídos pelo sangue devoram a captura antes que ele alcance a costa. Santiago retorna ao ponto de partida, exausto e desapontado.

Essa história pode ser interpretada como uma metáfora da busca humana por objetivos além de suas capacidades. Por mais coragem e perseverança que se tenha, agarrar-se a algo inalcançável pode cobrar um preço alto, seja físico ou mental. Na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), uma das coisas que podem ser feitas é o uso de pequenas tarefas para ajudar a pessoa a progredir em suas metas. Uma característica interessante sobre isso é que não importa exatamente onde a pessoa começa desde que ela comece. Portanto, muitas vezes, são realizados objetivos pequenos que às vezes requerem mais humildade do que esforço. Com o tempo, a pessoa vai progredindo e se tornando mais forte e competente.

Entretanto, uma coisa muito comum é que algumas pessoas estejam cansadas da vida que elas estão levando e elas querem mudar tudo de uma vez. Vamos dizer que uma pessoa está acima do peso, bebendo demais, vendo muita televisão. Todas essas coisas estão incomodando ela. E ela decide que, a partir de amanhã, ela vai fazer dieta, exercício físico diário, parar de beber e começar a ler um livro por semana. Ou seja, a pessoa está tão insatisfeita que não basta que ela mude suas atitudes, ela precisa mudar todas as atitudes dela para ontem.

Só que, infelizmente, a força de vontade do ser humano é um recurso limitado. Então, pode ser que essa pessoa consiga atingir todos esses objetivos na primeira semana. Mas, possivelmente, na segunda semana ela já vai furar seus planos.Isso acontece porque nós mudamos de forma habitual. Formamos novos hábitos que lentamente vão substituindo os antigos. Mas muitas vezes caímos na ilusão de que nossa insatisfação com a vida que levamos vai ser instantaneamente curada se realizarmos um esforço drástico o suficiente. É quase como se nos sentíssemos culpados por estar onde estamos.

Então não é como se conseguíssemos resolver todos os nossos problemas em um só golpe. Por mais tentador que isso possa parecer, a chance de isso acontecer é muito baixa. Assim, nossa melhor aposta é reconhecer nossa realidade com honestidade e humildade. Pequenas mudanças podem conduzir a progressos significativos, mesmo que pareçam insignificantes. E por mais que possa parecer insuportável enxergar que nós conseguimos mudar tão pouco, esse é o primeiro passo para que você, com todas as falhas que você tem, consiga almejar melhorar a sua vida. Mesmo que começando com algo pequeno, isso já aumenta a chance de que você consiga viver a vida que você quer viver.